O COLIBRI A PLANTA E EU
Sei que poesia não se explica, mas houve um tempo, eu era pontual no horário de jogar água nas plantas pela manhã; assim que abria a porta,estava no fio de energia elétrica um beija-flor me esperando; começava a esguichar água na planta ao lado da piscina, ele descia e ficava sobrevoando; durante o tempo em que eu ficava ali, ele também ficava.Hoje devido a minha inconstância de horário, infelizmente ele sumiu.Daí nasceu este poema.
Pela manhã bem cedinho,
um altivo passarinho
espreita-me por um fio.
Olha-me sorrateiro,
como quem chega primeiro
propondo um desafio.
As plantas, me olham aflitas
como quem água cogita numa sede sagaz.
O colibri comovido,
quando a minha imagem vê,
desce todo encantado,
sobrevoa a planta ao lado,
dou-lhe água a beber.
Enquanto molho as folhas verdes
do meu jardim florido,
desce e sobe altiveiro,
o colibri sorrateiro,
num voar tão delicado;
não faz nem um ruído.
Ficamos ali alguns minutos:
O colibri, a planta e eu,
conversamos animados,
a planta chora a devastação das matas,
falo eu das bravatas...
o pássaro lamenta a falta da flor.
Quando acaba o ritual
cada um seu rumo segue.
Nossos corações batem forte
esperando com euforia
o reencontro matinal
A cada nova manhã
tudo recomeça,
para nós três é uma festa,
esta cumplicidade de amigos.
Nossa prosa é interessante,
asas, folhas e língua solta...
falamos de tudo um pouco:
política, meio ambiente,música,
esporte, é um bla bla bla total!
E assim, nossa vida vai,
cada dia um pouquinho;
a planta, eu e o passarinho:
um eterno carnaval.
POEMA CLASSIFICADO EM PRIMEIRO LUGAR NO PROGRAMA POESIA NO AR DA RADIO DIFUSORA DE GOIÂNIA