O COLIBRI A PLANTA E EU

Sei que poesia não se explica, mas houve um tempo, eu era pontual no horário de jogar água nas plantas pela manhã; assim que abria a porta,estava no fio de energia elétrica um beija-flor me esperando; começava a esguichar água na planta ao lado da piscina, ele descia e ficava sobrevoando; durante o tempo em que eu ficava ali, ele também ficava.Hoje devido a minha inconstância de horário, infelizmente ele sumiu.Daí nasceu este poema.

Pela manhã bem cedinho,

um altivo passarinho

espreita-me por um fio.

Olha-me sorrateiro,

como quem chega primeiro

propondo um desafio.

As plantas, me olham aflitas

como quem água cogita numa sede sagaz.

O colibri comovido,

quando a minha imagem vê,

desce todo encantado,

sobrevoa a planta ao lado,

dou-lhe água a beber.

Enquanto molho as folhas verdes

do meu jardim florido,

desce e sobe altiveiro,

o colibri sorrateiro,

num voar tão delicado;

não faz nem um ruído.

Ficamos ali alguns minutos:

O colibri, a planta e eu,

conversamos animados,

a planta chora a devastação das matas,

falo eu das bravatas...

o pássaro lamenta a falta da flor.

Quando acaba o ritual

cada um seu rumo segue.

Nossos corações batem forte

esperando com euforia

o reencontro matinal

A cada nova manhã

tudo recomeça,

para nós três é uma festa,

esta cumplicidade de amigos.

Nossa prosa é interessante,

asas, folhas e língua solta...

falamos de tudo um pouco:

política, meio ambiente,música,

esporte, é um bla bla bla total!

E assim, nossa vida vai,

cada dia um pouquinho;

a planta, eu e o passarinho:

um eterno carnaval.

POEMA CLASSIFICADO EM PRIMEIRO LUGAR NO PROGRAMA POESIA NO AR DA RADIO DIFUSORA DE GOIÂNIA

Fatima Paraguassú
Enviado por Fatima Paraguassú em 18/10/2006
Reeditado em 12/11/2006
Código do texto: T267359