A beleza muda
("The Beautiful Changes", poema de Richard Wilbur)
Atravessando a planície de outono, cercado
Pelas prendas de Ana Regina, vou vago.
Lírios d'água em campo drenado
Ao passante confundem, fazendo de lago.
Assim a sombra pequena, que amplias
Por mim se espraia em melancolias.
A beleza muda como a selva muda
Ao mudar o camaleão a cor de sua pele.
Feito um louva-a-deus que nos iluda
Tornando mais folha à folha, graças a ele
Tão a ela amalgamado, provando
Maior o verdor do que o vamos pensando.
Tuas mãos estendem rosas, e ao estende-las
Declaram não serem mais tuas, as rosas. A beleza
Muda, e o faz de formas singelas
Intentando encontrar inteireza
Aliando-se às coisas, sua essência perdendo
No tempo, no toque, e ao maravilhoso volvendo.