CRISTAL
CRISTAL
Versos esparsos, colcha de retalhos,
Mosaico colorido do que eu sou, vitral filtrando a luz,
Janela, clarabóia, porteira aberta ao sonho de escapar
A tudo que limita.
Os olhos que se alongam sobre os muros
São donos dos espaços e dos campos,
são donos do azul e da amplidão.
Quem pode proibir o Sonho de domar estrelas
E invadir países com espadas de madeira
E soldados de papel?
Quem pode me impedir de ser rainha nesse reino
Que eu mesma arquitetei em pedra e luz?
Dirão que tenho as mãos vazias,
Porque não têm olhos de ver, e não de olhar, apenas.
Dirão que é escuro e triste,
Porque não têm o dom da transfiguração,
Que faz ouvir os sons de luz ocultos no silêncio
E fogem do que é grande e verdadeiro,
Por medo do depois.
Não sabem estender as mãos e receber a vida, crendo nela,
Fogem da luz e atiram da janela
O vaso de cristal de ser feliz.