ATÉ QUANDO?


Nestas ruas incertas de qualquer certeza
neste ares de perfeita estranheza
na fumaça vadia que impõe sutileza
é face mascarada escondendo a pobreza

Jorram palavras as bocas de desencanto
reclamam as barrigas da fome do enquanto
cospem na face do íntimo e árduo pranto
A Deus perguntam: "Até quando?"

E meus olhos se fecham entre as lágrimas cansadas
por ver crianças ao relento, jogadas nas calçadas
sobre jornais, almas dilaceradas
a espera de qualquer centavo nesta vida de quase nada

Qualquer moeda é risada
é conforto  qualquer migalha
é menos fome, a barriga mal forrada
é mais cômodo fechar os olhos pra desgraça

Até quando ficaremos inerte sem fazer nada?



Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 15/12/2010
Código do texto: T2672438
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