Respeito pelas palavras

Não quero usar as palavras em vão

Muitas delas não merecem ser escritas

São palavras frágeis e doces

Que um mundo tisnado não entenderia

Eu não brinco com as poesias

Elas não admitem sequer um deboche

E seus versos mesmo sem métrica

Jamais serão escritos em vão

A poesia tem que ser respeitada

Ela é muito mais do que palavras

Forçá-la a sair do peito é inútil

Ela escolhe sempre o momento

Vigiai sempre com caneta e papel

E não se irrite se um verso escapulir

Outros versos nascerão à revelia

Basta estar atento e pré-disposto

Um poeta não nasce, ele se faz

Em meio a dores, amores e dicionários

A rima é a conseqüência do verso

Que pode ser duro ou brando

Atrevi-me a escrever poesias

Mas não quero ser poeta

Não quero tuberculose, conhaque e agonia.

Quero só a rima forte e contundente

Quero perseguir as estrofes

E em seu mundo descobrir

Que a poesia é séria demais

E não se deve brincar com as

[palavras.

MÁRIO SÍLVIO PATERNOSTRO