Interior
Vem do leste o sopro deste ar,
Levando em caravanas a bruma
Que coroa os caminhos meus.
Na calçada desta caminhada vida
Deixei os passos de ida
E semeei os passos da volta,
Que um dia irão chegar.
Nos olhares vítreos das janelas
Ficaram despedidas e porquês,
Que das portas entreabertas
Não tentaram saltar e nem esconder.
Por entre os dedos de rua
Encontrei esta praça iluminada,
Desenhada de crianças, de linhas e pipas.
Recheada de bolas, de gritos e amarelinhas.
O bosque me estremece em galhos finos.
Leva meus pensamentos ao ar mudo de suas copas,
Riscando no céu as últimas horas
E desenhando na terra o início dos tempos.