Desassoreamento
Euna Britto de Oliveira
www.euna.com.br
Havia canais que alimentavam a lagoa,
Ela nunca secava.
Havia sempre peixes, taboas e húmus
Em suas márgens férteis.
Havia sapos, é claro.
Toda lagoa tem sapos.
Eram quase inofensivos,
Com seu coaxar incomodativo
E seus saltos sugerindo sobressaltos!!!...
Mas não impediam as borboletas, de um amarelo liso,
Ou azuis, de olhos pretos estampados nas asas,
De sobrevoarem as águas...
Muitos foram os ciscos que entupiram o último canal,
Que se fechou por completo
Com o sujo de um jogo sujo!
O lugar da lagoa virou cratera árida e sem vida.
Mas Deus teve pena e sentiu saudades
Daquela lagoa linda!...
Soprou, o canal principal se abriu...
Depois, abriu-se um canal secundário,
Depois outro, depois outro...
Porque onde Deus passa, nada embaraça
E todos os caminhos se abrem...
A água começou a se juntar,
Os peixes – já tem peixes nadando!...
E tudo volta ao normal!
Parece que o canal ficou mais largo
Parece que a lagoa vai ser lago!