Chora-me um rio
Chorei um rio
que me trouxe no colo
-ah, minhas águas sem dó,
meu trigo
que castiga
sem pedra ou mó!
Chora-me um rio
que trago em goles
-meu sangue adulterado,
meu vinho
do respigo
nunca vindimado...
Choro ainda e rio
de amor não consumado
e sulco em mim um rio:
serei sempre
terra,
margem
do Douro meu amado.