Zac Posen

O cigarro queima e se consome

como a vida do cão que me persegue.

São muitos anos na tentativa de se evitar

que ele me arraste para o inferno.

E o inferno é o esquecimento.

Não me lembrarei mais de você.

O urso dançarino termina pateticamente

numa jaula de um circo com lona de chumbo.

Bailarinas e ginetes não há mais.

Nem nada de que se orgulhar.

Não me orgulho das algemas,

das velas acesas, nem dos arranhões da pele.

Issso não é arte. É necessidade estar vivo.

O que guardo nos porões,

o que o látex disfarça e transforma apenas em silhueta,

fica para sempre trancado numa caixa de metal,

e exposto despudoradamente

sob um véu de metáforas pobres.