Pelos campos do rio Branco
Neste sol do meio-dia
À sombra de um tapiri
Ao som das ondas do rio
Escrevi versos pra ti
Eu contei a nossa história
E o prazer de estar aqui.
Era manhã de janeiro
Caju colorindo estrada
Arrebol na serra Grande
No despertar da alvorada
Passeio a barco no rio
Pela tarde ensolarada.
Neste dia vi os pássaros
Em cantata nas palmeiras
A pesca de tambaqui
Canoando nas ribeiras
Carne seca com farinha
Paçocando pelas feiras.
Nas margens do Cauamé
Vi flor de paricarana
Tamanduás e veados
Reinando pela savana
Igarapés e lagoas
Por toda Paraviana.
Em minha capitiana
Li romances de Nenê
Poesias de Dorval
Histórias de Aimberê
Registros de Olavo Braga
Pôr-do-sol na Meremê.
Segui caminho do rio
Avistei toda cidade
Nas trilhas de buritis
Das lendas, realidade
Na serra de Nova Olinda
Fiz amigos de verdade.
Vi o Brasil no teu rosto
Em crianças a cantar
Estudantes nas escolas
Pessoas a passear
Caminhei pelo teu verde
E achei alguém pra amar.
Vi as luzes no teu céu
Como naquela canção
Encontro de avenidas
Num giro teu coração
Cruzando tuas igrejas
Como em uma oração.
Enfim a lua chegou
Nesta noite estrelada
O céu inteiro brilhou
Ao longo da madrugada
Quando cantei Roraimeira
Pela rua iluminada.
Publicado no livro "Retalhos III" de Aroldo Pinheiro em 2010.
Boa Vista Do Rio Branco - Roraima