sobre as MINHAS CARAVELAS...
“Quem teme o sofrimento sofre já aquilo que teme.”
Montaigne, Michel de
Quando eu disse que era amor, tu sorriste;
quando eu falei que o nosso barco estava à
deriva, tu saíste do convés;
quando eu falei que sem
tu minhas noites
ficavam frias, deste de ombros.
E o nosso rio se fez profundo e perigoso,
E a noite ficou doente, parecia morrer...
E essa porta de saída, aonde vai dar?
Será que tu ainda és a mesma pessoa?
Quem te fez hoje tão dona de si? – eu?
Por que te farias libertas de ti mesma?
E os teus lamentos, quem depois ouvirá?
Agora partes assim, sem choro nem velas?
E aquele peso morto sobre as minhas caravelas,
que suportei calado por anos e anos a fio... Por nada?
Se eu te falasse que a noite lá fora é longa;
Tu não conheces mais o caminho da volta,
que tu só possuis o ponto de partida
e que a rosa se desfaz com o vento...
A tua viagem poderá ser dolorida.
E se houver uma pedra no meio
do caminho? E se não existir
mais o caminho?
Antes de partires
repense o nosso
amor. Repense.