Sem Cores, de Todos Sabores

Eu canto o negro ferido

A agonia do medo na dor de uma sina

Eu estremeço...

Ouço o ranger dos dentes

É o grito escondido

No orgulho mantido

Eu choro...

No áspero tronco

A solidão do vazio

A falta de compaixão

É a carência de amor,

De amigo.

Eu canto a negra calada

Na noite ruidosa

De uma senzala qualquer.

Eu exalto a eterna paixão

O vulcão das entranhas ardentes

É a negra de altiva fronte

Deleite de feitores

Mãe-de-leite pros senhores

O machado fincado

A cana, o gado, o açoite

A mente fervilhando

Cai o negro trôpego andrajo

Era o negrinho da espinha vergada.

Foi-se...

Não sabe que inda hoje

De sol a sol

De fio a fio

Há negros de muitas cores

Vergando a espinha

Enriquecendo senhores.

E as negras caladas?

Ah...em recantos longínquos

Profanam seus sonhos.

Negras sem cores

Negras de todos sabores,

De todos sabores...

Dirceu Kommers
Enviado por Dirceu Kommers em 13/12/2010
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