PARA O POETA TRANSFIGURADO
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À ALMA DAS LETRAS
... as letras também têm alma
e a minha carne
que também tem fome
de comida que não se corrompe
penetra, por meio dos olhos,
nos corpos dos textos
para alimentar-se substancialmente
de algo vermelho, algo que,
se ainda estivéssemos no tempo
em que o verbo não havia
voltado a ser verbo
seria chamado literalmente de sangue...
( José Lindomar Cabral - outubro de 2009)
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RUBROS VERSOS
(Tania Orsi Vargas)
O sangue dos teus poemas
escorre pelas bordas da folha
e o meu olho ávido
se enche de vermelho.
Assim a língua d' alma
lambe
e, avidamente,
se farta.
Nascem para o mundo, então
teus doloridos poemas
como as crias que
gestadas em intensidade
são trazidas à luz
em transfigurados
partos de dor!
A seiva quente dos teus poemas
percorre meu íntimo ser
e me faz cúmplice dessa loucura
de ser ao mesmo tempo tão humano
e, inexplicavelmente
Divino!