Tramas da Paixão
Chego.
Vou entrando de mansinho,
sorrateira, aventureira, com ares de inocência,
sem alardes ou ruídos, sua vida invadindo
sem piedade ou clemência.
E caminho em seu caminho,
apagando seus passos com meus passos firmes,
domino seus espaços, destruindo seus limites,
mostrando-lhe que sem mim, você já não mais existe.
Sedução!
Tiro-lhe a visão liberando a paixão
e lhe corro todo corpo chegando ao coração
apropriando-me desse oásis de sonho e ilusão.
Acelero seu compasso, que ao meu ritmo devasso
recorre pedindo rendição.
É a glória!
Canto o hino da vitória!
Mas... E agora?
Na ânsia de dominá-lo pela paixão
lançando-o à mais completa submissão,
esqueci-me do antídoto pra esse mal que assola o coração.
"Doença" cruel que de mim se apoderou...
E na fraqueza a qual o amor me lançou,
quis tê-lo livre, mas você não aceitou.
Foi embora decidido,
a passos largos, de mim se afastou
deixando-me apenas a solidão
que minha alma acorrentou.
Hoje me perco em gemidos, gritos mudos nunca ouvidos,
pois carrego em meu peito um coração sem vida,
arrependido, dilacerado, destruído,
por um amor vingativo que não atende aos meus apelos
de tê-lo novamente comigo.