MINHAS JANELAS

Minhas janelas

adormecem.

Avencas, hortênsias,

heras,

nelas se esquecem.

Minhas janelas

dobram a esquina,

encontram as ruínas

de seres tão entorpecidos,

que esfacela.

Minhas janelas

entristecem.

Jasmins, papoulas,

alecrins,

não florescem.

Minhas janelas

têm pudor.

O que pode a flor,

diante da dor

alheia?

Minha janela

aliena-se,

obscurecida

e trêmula

com o porvir.

Uma cortina breve

a protege.

Minha janela

espia de leve,

então se atreve:

não há treva

que não amanheça.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 21/06/2005
Código do texto: T26671