MINHAS JANELAS
Minhas janelas
adormecem.
Avencas, hortênsias,
heras,
nelas se esquecem.
Minhas janelas
dobram a esquina,
encontram as ruínas
de seres tão entorpecidos,
que esfacela.
Minhas janelas
entristecem.
Jasmins, papoulas,
alecrins,
não florescem.
Minhas janelas
têm pudor.
O que pode a flor,
diante da dor
alheia?
Minha janela
aliena-se,
obscurecida
e trêmula
com o porvir.
Uma cortina breve
a protege.
Minha janela
espia de leve,
então se atreve:
não há treva
que não amanheça.