DESCONHECIDO DA NOITE
A noite, a esta altura, ja não me reconhece,
em virtude da minha ausência no seu regaço;
não sou mais seu produto quando anoitece,
a cada dia, eu sou ainda mais escasso.
Já durmo cedo, mesmo finais de semana,
porém não tenho horas para acordar.
Quando amanhece o dia que sua luz emana,
uma nova chance tenho para te amar.
A noite esquece o meu nome, a cada lua,
pergunta as estrelas: Quem é este aí?
Em plena lua cheia, no calor da rua,
penso no vazio, lembro-me bem de ti.
Não vejo vida e nem graça lá fora,
só encontro consolo na minha poesia.
Ela não me entende nesta hora,
eu escrevo, eu sonho, tudo que eu faria.
Não vou mais relembrar a noite festiva,
nem pensar mais naquilo que machuca,
prefiro que me esqueças, nada me motiva,
infelizmente a nossa briga já está caduca.
Vou voltar a ser um desconhecido,
entro para a alma tranco as janelas,
nem vou perceber quando anoitecido
cobriram no céu nuvens amarelas.
Vou dizer adeus a noite iluminada,
por que sem ti, amor, é vazio a rua,
não brilham os letreiros da fachada,
nem as estrelas, nem a bela lua.
Mas quem sabe eu não volte um dia,
não remova a sombra e devolva a iluminação,
posso ressucitar de novo a alegria
e em mim voltar a ter o vívido coração?
(YEHORAM)