PONTEIROS PARADOS
Dizer-te-ia que só o teu nome risca os céus,
o nítido, o evidente...a luz crua do dia, entre tantos véus
tal como o vento, que vai mas sem saber que vai, para onde vai
uma suave sinfonia sussurrada em cristais
Que te seja um tecido macio nos dedos
a pressa cega, impaciente... sejam emudecidos os medos
Cada dia é mais um porto que não alcanço.
Não quero saber-me presa na teia persistente
do teu rosto neste sempre adiado.
Estarei no quente desespero de onde me chamas
se fossem assim todas as cores e flores
se fossem assim todos os segredos e amores
São inábeis as palavras debruçadas sobre a distância.
Um qualquer querer moldado na rede da varanda
amargando quilômetros no labirinto das horas
Se eu quisesse contar-te, subiria, inesperada,
à alta montanha do tempo
e dizer-te-ia que a lua é breve e o mar já sossegou.
Mas a saudade que é tanta, esta não se calou.
E acompanha minha agonia nestes lapsos de tua ausência
banhando-se em lágrimas de infindas cadências
Sou borboleta de sombra imprecisa na parede que espera,
em amor, à quente brancura do regresso.