Olhos fechados

Nada vejo.

Nem a beleza, que flagela e torna escravo,

Não quero ver e nem desejo

Desço as pálpebras, a cortina sobre a pupila entravo

Imagens aglutinadas se aglomeram,

Se condensam, nuvens de idéias perdidas

Ácidas chuvas torrenciais de lamentos

Vaza em calhas de memórias esquecidas

Nada vejo.

Apago do alcance visual tais dúbias aparições

Imagens que não mais invejo

Nesse recanto onde poucos sabem minhas frustrações

Não apenas fere a alma, não somente o âmago

Não apenas lágrimas caem, joelhos e face vão ao chão

Imensas paredes de lodo se ascendem ao meu redor

N’um profundo e negro poço bate meu coração

Agora vejo.

Atônito, perplexo, frio e calado

E para o mundo apenas deixo,

Meu olhar distante, indeciso, desolado.

tomb

Tomb
Enviado por Tomb em 11/12/2010
Código do texto: T2666524
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