Olhos fechados
Nada vejo.
Nem a beleza, que flagela e torna escravo,
Não quero ver e nem desejo
Desço as pálpebras, a cortina sobre a pupila entravo
Imagens aglutinadas se aglomeram,
Se condensam, nuvens de idéias perdidas
Ácidas chuvas torrenciais de lamentos
Vaza em calhas de memórias esquecidas
Nada vejo.
Apago do alcance visual tais dúbias aparições
Imagens que não mais invejo
Nesse recanto onde poucos sabem minhas frustrações
Não apenas fere a alma, não somente o âmago
Não apenas lágrimas caem, joelhos e face vão ao chão
Imensas paredes de lodo se ascendem ao meu redor
N’um profundo e negro poço bate meu coração
Agora vejo.
Atônito, perplexo, frio e calado
E para o mundo apenas deixo,
Meu olhar distante, indeciso, desolado.
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