Blues da menina na janela

Você apenas se senta

e escreve mensagens na janela molhada...

Coisas que ninguém nunca irá ler

- ninguém!

Essas palavras continuarão sendo

as únicas a saber para onde

vão as suas lágrimas.

Então chore... e se curve de novo

à chuva violentando o vidro...

Você sente que onde quer que pise

- lá fora, menina! -

Será sempre a mesma poça

Sempre os mesmos enganos.

O tempo continua passando

e esse caos é perfeito e consistente...

As pessoas lá fora realmente acreditam

que este mundo está dando certo.

Poderia essa dor toda

- minha querida... -

ser fruto de uma simples

divergência de idéias?

Ah, você simplesmente não conseguiria

concordar com eles...

Oh, então você apenas se senta

e desenha outro mundo na janela molhada...

Sopra sua fumaça pra longe

E chora.

Você avisou a todos eles, menina

que não estava pronta?

Quantos deuses desceram apenas

para ler isso na sua janela?

Vá em frente... arranque as pétalas

de todos esses versos resfriados...

Acaso não sabes que o silêncio

- as vezes -

é a maneira como as coisas

devem ser ditas?

Ah, apenas chore... chore com força

Como essa chuva violentando o vidro...

Deixe essa dor, entranhada em seu peito

Ir-se acalmando, como as músicas

que embalam os filmes

que te faziam respirar.

Nós duas sabemos,

O tempo continua passando...

Amanhã você voltará a se pressionar

para acreditar em todas aquelas coisas

De novo.

A gente sempre acaba obedecendo

as exigências do corpo:

E você, no fundo, é uma menina

com fome

de horizontes.

E você os desenha na sua janela molhada...

Sabes que a covardia é um trem

que não te levará muito longe

- Não sabes?

E todos esses amores e essas promessas

presas no teu vidro

Não te dirão em que estação

você deve parar

e descer...

Você apenas chora... tão de leve

e com tanto cuidado, que te adormeces...

Talvez você devesse recolher esses versos

túrgidos de lágrima e de chuva.

- Destacá-los dessa janela manchada!

E ao acordar, de manhã,

Apenas mudar como fazem os dias...

Sair da janela, e desta vez abrir

A porta da frente!

Nanda NP
Enviado por Nanda NP em 11/12/2010
Reeditado em 02/01/2011
Código do texto: T2666505
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.