sou eu
enquanto o orvalho
cai dos olhos da noite
sou eu o espantalho
o solitário
o que restou na escuridão
sou eu quem resiste
sou eu quem espera
moro em cada um dos meus sonhos
em cada palavra da poesia
em cada gota de chuva
em cada primavera
os primeiros raios de sol
se debruçam na janela
na cama vazia
nos lençois frios
nos cobertores de lã
sou eu o perdulário
o ladrão dos beijos
o incendiário da manhã
sou eu quem nunca dorme
quem sempre mente
quem faz arder o peito
sou eu o sujeito
o causador das lágrimas caídas
o dono da saudade reticente
o eterno culpado pelas despedidas