O AVESSO DA MINHA POESIA

O avesso da minha poesia

Fala manso,

Gesticula pouco,

Olha muito, observa,

Atenta para o não dito,

Acredito que é daí

Que vem a chave certa

Para abrir as portas da inspiração.

O avesso da minha poesia

Cala o grito, solta o escrito,

Poucos são os que vêem,

Os que sentem,

Os que crêem,

Todos, julgam, opinam,

E não permitem que eu esqueça

Que a vida é um jogo duro

E prá valer.

O lado avesso da minha poesia

Vê o vômito e analisa

O que não deu para engolir,

Vê o borrado e observa o que

Não foi capaz da perfeição,

Vê o que esconde a outra mão,

Vê tanto que na verdade,

Prefere nem olhar,

Muitas vezes se cala

Com vontade de falar,

Ilha-se, para que no meio da grande

Multidão não se perca,

E observa sempre o que as pessoas

Menos falam,

Menos fazem,

Menos são.

Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 11/12/2010
Reeditado em 11/12/2010
Código do texto: T2665081
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