O AVESSO DA MINHA POESIA
O avesso da minha poesia
Fala manso,
Gesticula pouco,
Olha muito, observa,
Atenta para o não dito,
Acredito que é daí
Que vem a chave certa
Para abrir as portas da inspiração.
O avesso da minha poesia
Cala o grito, solta o escrito,
Poucos são os que vêem,
Os que sentem,
Os que crêem,
Todos, julgam, opinam,
E não permitem que eu esqueça
Que a vida é um jogo duro
E prá valer.
O lado avesso da minha poesia
Vê o vômito e analisa
O que não deu para engolir,
Vê o borrado e observa o que
Não foi capaz da perfeição,
Vê o que esconde a outra mão,
Vê tanto que na verdade,
Prefere nem olhar,
Muitas vezes se cala
Com vontade de falar,
Ilha-se, para que no meio da grande
Multidão não se perca,
E observa sempre o que as pessoas
Menos falam,
Menos fazem,
Menos são.