Estrada em Retalhos
Rascunhos
papeis rasgados
onde derramei a cor do útero
letras adormecidas
que foram morrendo em mim
perdidas folhas do prazer
do que deveria ter sido ontem.
Já nada sinto de estranho ou dor
sento na memória do riso
nos caminhos sem degraus
sem volta em retas infinitas
como tivesse largado torneiras abertas
da desfiada, desafiada vida .
Hoje tiro da cabeça
do amassado travesseiro
lembranças, metade de uma outra volta
do que nada mais volta
vazado, esvaziado no ralo da madrugada
das gotas escorridas no tempo
pingos que vão secando
na estrada em retalhos
sem mais atalhos.
17/10/06