Estrada em Retalhos

Rascunhos

papeis rasgados

onde derramei a cor do útero

letras adormecidas

que foram morrendo em mim

perdidas folhas do prazer

do que deveria ter sido ontem.

Já nada sinto de estranho ou dor

sento na memória do riso

nos caminhos sem degraus

sem volta em retas infinitas

como tivesse largado torneiras abertas

da desfiada, desafiada vida .

Hoje tiro da cabeça

do amassado travesseiro

lembranças, metade de uma outra volta

do que nada mais volta

vazado, esvaziado no ralo da madrugada

das gotas escorridas no tempo

pingos que vão secando

na estrada em retalhos

sem mais atalhos.

17/10/06

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 17/10/2006
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