a minha poesia
por enquanto não se fez.
vai se fazendo, não tendo vez.
não serve pra libertar lendo,
não serve para deixar angustiado a chorar;
serve pra te aprisionar.
as vezes serve pra deixar revoltado,
na minha poesia pouco tem de angústia,
tem mais concreto, pedra e asfalto;
parece mais um bêbado, vencido e caído
falando de algo que ninguém quer dar ouvidos
a minha poesia serve pra mostrar
tudo e ao mesmo tempo nada.
pra ser flecha, arco e ferido morto na calçada.
pra demonstrar que o que eu sinto
não tá valendo quase nada...
e que o dinheiro vai comprando o sangue.
pelo adentrar dos bailes pela madrugada,
serve pra me mostrar de besta, ou vagabundo
serve pra mostrar a minha egoísta volta ao mundo
serve pra dizer a todos que não serve pra nada
e de tudo que conseguir escrever
eu sou bem mais profundo...
e bem mais molhado que a água...