JANELAS ABERTAS
A primeira vez em que foram abertas as janelas,...
Em que o primeiro raio do sol visitou meu quarto
e enfebresceu meu corpo
Transpirei gotículas de sonhos,
Inspirei odores da vida lá fora
Senti que poderia subir no parapeito
Estender minhas asas
E voar...
A segunda vez em que foram abertas...
Quando o hálito morno da tarde se emaranhou em meus cabelos
e assoviou em meus ouvidos antigas canções
Pensei que poderia ulular de uma quimera a outra
E revisitar a Inocência ainda menina...
A terceira vez...
Quando o esguio olhar da Lua refletido no espelho
desceu do pescoço ao colo
E as lascivas mãos das estrelas lésbicas
penetraram minha camisola
Acordei sentindo frias volúpias de sensações jamais sentidas
Guardei no criado mudo minhas aniquiladas asas
Fechei as janelas
E dormi...
(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa)