JANELAS ABERTAS

A primeira vez em que foram abertas as janelas,...

Em que o primeiro raio do sol visitou meu quarto

e enfebresceu meu corpo

Transpirei gotículas de sonhos,

Inspirei odores da vida lá fora

Senti que poderia subir no parapeito

Estender minhas asas

E voar...

A segunda vez em que foram abertas...

Quando o hálito morno da tarde se emaranhou em meus cabelos

e assoviou em meus ouvidos antigas canções

Pensei que poderia ulular de uma quimera a outra

E revisitar a Inocência ainda menina...

A terceira vez...

Quando o esguio olhar da Lua refletido no espelho

desceu do pescoço ao colo

E as lascivas mãos das estrelas lésbicas

penetraram minha camisola

Acordei sentindo frias volúpias de sensações jamais sentidas

Guardei no criado mudo minhas aniquiladas asas

Fechei as janelas

E dormi...

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa)

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 10/12/2010
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