Aquele homem...
Olhos quietos os daquele homem.
Palavras mudas ele carregava,
mãos escondidas dos afagos.
Olhos profundos os daquele homem
Que semblante de calar
pintava a face daquele homem.
Voz trêmula ele trazia
diluída na essência do falar.
Boca de bronze esculpida
na face inerte daquele homem,
aprisionavam-lhes as palavras,
quando soltas, tão temidas.
Olhar distante o daquele homem.
Corpo presente, alma viajante.
Mãos paralisadas pelo descaso,
impediam-lhe a suavidade do toque.
Silenciosos os passos daquele homem.
Não corria, não caminhava,
não ofegava, não respirava.
Passos fúnebres os daquele homem.
Semblante triste o daquele homem.
Não sorria para a vida,
não sorria para a morte.
Somente tristeza se via naquele homem.
Olhar opaco o daquele homem.
Sem brilho, assim : sombrio,
sem direção, sem alvo.
Olhar sem brio o daquele homem.
Palavras sem sons as daquele homem.
Quase mortas, rastejavam
pelo nada que representavam
em minha vida, as palavras daquele homem.
Braços que não abraçavam.
Mãos que não afagavam.
Palavras que não diziam.
Boca que não beijava.
Olhos que não viam.
Assim era
Aquele homem:
Pai que não era.