Mãe Rua

Peço a benção, sinal da cruz e vou pra rua

Em cada esquina que se passa

A realidade desembaraça

A minha a sua

Nua e crua

Nítida pra quem é coração no olhar

O óleo escorre nas calçadas, nas antenas

Tudo pode piorar

Por entre os dedos duros e encardidos das mãos

boca é ferida aberta

So estanca na quando esquenta

A vontade bate

A lata late

E o alien abana o rabo

Depois de um doce bárbaro

Meia grama de péssimas sensações

E muito estrago

Prolongado pelas severas instigações

Alienando as ações

Doutrinando as sensações

Feito lobinho vagando

catando bituca no chão

Dedo travado no isqueiro

Começou a grilação

Se esconde no mato

Tranca a casa

Corre do camburão

Vai na pipa, vai na lata e também no meladão

Quando esse maluco quer

Rouba a mãe, mulher, irmão

Vai cavando o próprio túmulo

Saiu do prumo

Vacilão

se perdeu no mundo

perdeu o rumo

chegou no fundo

se foi em vão

desperdiçou a vida

jogou fora o seu maior dom

mas quem sai do tom

tem o resto da vida pra mudar

quem ta no erro sabe

o que fazer para acertar.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 09/12/2010
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