Meditação

Meditação

Os sons do mundo refream-se

diante das janelas emudecidas

A dor já não alcança o coração asceta

E o medo despe-se de significados.

As vozes da alma já não habitam

a mente asséptica e indiferente

Colcheias e semifusas se esvaem sem direção

E o silêncio reina em atavismos glaciais

A urgência convertida e atemporal

vagueia ausente de toda soberania

O olhar estabelece um suave pouso

sobre o horizonte aniquilado.

Os braços guardam serenos

A amplitude do anoitecer vazio

Enquanto a consciência tece pássaros

nas tramas do amanhã

A incerteza das horas derrama-se gentil

Em ânforas de pétalas reticentes e exatas

Já não cabem ilusões nesse destino desperto

Que sereno conduz o etéreo veículo

pelos vãos brilhantes da Compaixão

E nascem flores de Lótus

Milhares de luzes e cores

Na palma da minha mão ...

Claudia Gadini

23.06.05