TALVEZ

“E por isso eu lhe digo/ Que não é preciso/ Buscar solução para a vida/ Ela não é uma equação/ Não tem que ser resolvida..." (de Ferreira Gullar e Paulinho da Viola, in Solução de Vida)

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Talvez eu fique mais atento

E use melhor as palavras

Revise meus erros

As minhas juras

As minhas verdades inventadas

E junte as minhas metades para ficar uno

Talvez eu perca o sono

E tome todas

Que eu ‘trupique’ no caminho

Ou fique rindo à toa

Por qualquer notícia boa

Talvez eu fique culpando a vida

A falta de tempo

Repetindo que a lida me consome

Que o vento é frio

Que há um rio cortando a cidade

O trânsito é infernal etc. e tal

É bem provável que eu pisei na bola

Sai da linha, um pouco

Talvez eu sucumba

Na luta por resultados positivos

Ou descubra, de repente,

Que a vida é mais simples que o pensamento

Que a tudo complica

E fica replicando: “é difícil, é difícil”

Pode ser que até que eu

Ouvindo um samba

Descubra

Que não há um teorema a ser resolvido

Que o tempo

Não é nada disso que penso e luto

Ou é tudo isso e muito mais

Ou talvez e obviamente entenda

Definitivamente

Que a vida é simples

E nada foi definido definitivamente

E é só preciso seguir em frente

Ao vivo e no momento certo

Talvez.