Metade

O sol, um ponto final,

uma roda e

a lua, uma vírgula, uma

normal.

Nada além do dia e

da noite me aparecia,

mas a noite parece

igual.

Uma estrela ali, outra

mais lá do que cá,

esfrego meus olhos,

afinal.

Tudo some neste

quadro na parede,

já enxerguei melhor

o seu significado

quando era menor.

A casa e a chaminé,

o céu que a protege,

metade lua, metade sol,

metade de mim lá.

Tiraram a mesa de centro

onde eu sentava

para apreciar a pintura,

entrava eu ali dentro,

caminhava pela rua, seguia

o rumo do mar

e me atirava para me molhar.

O sol foi embora, venceu

seu contrato?

A lua até que ainda dá

para enxergar.

Não respeitam mais os

quadros,

este, tá atrás de uma

porta, agora,

sem respirar.

A mesa passou a servir

para empilhar

qualquer troço e não mais

pra sentar.

Também para ver o quê

se mudaram o quadro

de lugar.

‘Inda dá pra ver de

esguelha, de viés,

a lua, uma vírgula,

parte da casa e sem chaminé.

Quiçá por caridade

encontrarei a outra metade,

o ponto final, o sol, a rodela,

olhando o

que me falta,

pela janela.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 09/12/2010
Reeditado em 09/12/2010
Código do texto: T2661920
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