VORAGEM
No solo o cheiro acre dos frutos
caídos com o temporal da madrugada
já em cor e forma desfigurados
promessas de doçura em nossa boca
tão viçosos em perfeita harmonia
agora não passam de vestígios.
Foram-se assim também as vãs quimeras
da mesma forma levadas por um turbilhão
restam mortalhas dos sonhos de um verão
que tal os frutos se perderam na voragem
perplexidade e dor deixaste com tua passagem
amanheci caída, flor cortada e jogada ao chão.