Avenida Paulista às 3:30 Am

 


Vou deixar meus enganos para trás

Preciso respirar, o oxigênio sujo da Paulista

Me perder de vista...

Ser solitária neste dia.


Preciso passear entre os monumentais edifícios

sentir-me livre dentro da cidade, e pequena

talvez eu ande até a Rebouças

ouvindo os carros e vendo todas as coisas

com olhos opacos,

sem cansaço

sem remorsos...


Preciso tomar alguma coisa forte

um legitimo malte old scoth whisky 15 anos – verde!

que me faça engolir cortante

estas palavras sem sentido...


preciso sentir-me parte do concreto

absoluto concreto por todos os cantos de mim.

Deixar esse monte de amor

e de palavras liricas para trás,

abster-me de sentir...



Estou entre os dois hemisférios da minha existência

tenho consciência que por mais que eu eu queira agregar-me

a toda essa brutalidade vivenciada em meu cotidiano

Ainda sou feito água clara, ainda vejo borboletas

e nem me dou conta de tantos andares de vidro

O céu ainda me parece mais bonito!


Mesmo nesta noite sem estrelas,

o que desejo é mais concreto que esta avenida

mesmo que ninguém me conheça

eu me reconheço em cada olhar perdido.

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 08/12/2010
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