Vou deixar meus enganos para trás
Preciso respirar, o oxigênio sujo da Paulista
Me perder de vista...
Ser solitária neste dia.
Preciso passear entre os monumentais edifícios
sentir-me livre dentro da cidade, e pequena
talvez eu ande até a Rebouças
ouvindo os carros e vendo todas as coisas
com olhos opacos,
sem cansaço
sem remorsos...
Preciso tomar alguma coisa forte
um legitimo malte old scoth whisky 15 anos – verde!
que me faça engolir cortante
estas palavras sem sentido...
preciso sentir-me parte do concreto
absoluto concreto por todos os cantos de mim.
Deixar esse monte de amor
e de palavras liricas para trás,
abster-me de sentir...
Estou entre os dois hemisférios da minha existência
tenho consciência que por mais que eu eu queira agregar-me
a toda essa brutalidade vivenciada em meu cotidiano
Ainda sou feito água clara, ainda vejo borboletas
e nem me dou conta de tantos andares de vidro
O céu ainda me parece mais bonito!
Mesmo nesta noite sem estrelas,
o que desejo é mais concreto que esta avenida
mesmo que ninguém me conheça
eu me reconheço em cada olhar perdido.