O MURO E A MADRESSILVA

Num belo jardim florido, havia um muro de pedra velho e triste.

As pessoas que visitavam o jardim fugiam do feio muro, onde avencas cresciam tentando inutilmente embeleza-lo.

Alguém um dia plantou junto a ele um pezinho de Madressilva que muito devagar foi crescendo, apoiado ao velho muro.

- Força amiga, vamos, sobe dizia o muro, vendo os esforços da Madressilva.

Todos os dias o sol vinha muito cedo aquecer a plantinha, dar-lhe forças, ajudando-a a crescer.

- Agarra-te a mim, firme; assim, muito bem. Nesta minha antiga cicatriz apóia teus braços.

E a Madressilva foi crescendo, subindo, espalhando-se pelo o muro, cubrindo rugas, escondendo fundas gretas seculares.

E foi subindo, subindo, descendo, virando, tecendo o muro todo em flor.

Vieram as abelhas, as borboletas e os passarinhos morar no muro de Madressilva que estremecia todo em vida.

E as pessoas que hoje visitam o jardim, param admiradas com a beleza e o perfume do velho muro que a Madressilva abraçou.