Anseios
Anseios
Quem dera-me estar entre os convivas
Deste banquete folgado de riquezas,
Participar das orgias reais destas vidas
Que vivem ocultas ébrias sob as mesas.
Quem dera-me num instante de ventura
Beber deste vinho que nos é furtado,
Taça a taça sentir a distinta formosura
Do hálito mentiroso deste mal agrado.
Se não for por mérito real grandioso...
Que não seja oculto sob um tapete
As grandes realizações de falso gosto
Á punhos tiranos de envenenada beleza.
E em meio aos patriarcas desse ninho
Gorjear o brado do ferido eu hei de fazer,
Vesti-me da inocência de um menino
Ao combate suntuoso de bem querer...
Daquele que pranteia aflito por fome!
Daquele que é deixado a só esquecido,
Ao roto de vestes, que só tem o nome,
Ao ancião com um olhar triste e ferido...
Ao jovem que morre em seu silencio...
Ao estandarte de uma graça maculada,
Ao sorriso que corre ao rosto trêmulo
E à vida, que anda fadonha e sem graça...
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