Incessante instante
"Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,/ Nos turbilhões quiméricos do Sonho, / Passe, cantando, ante o perfil medonho / E o tropel cabalístico da Morte..." (João da Cruz e Souza, poeta simbolista catarinense)
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Por que será que as flores murchas
Não se negam nunca a adornar o chão;
Revigoram-se no orvalho matutino
Sorriem à escarpa do inevitável destino
E murcham no fulgor da glória em vão.
Assim está minha murcha viva vida
Perfeita no meu arvoredo de ilusão;
Adornada com as flores indolores
Das multifaces de efêmeros amores,
Aguados sob o desatino da paixão.
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Revoa sobre mim incessante colibri,
Goza-me no eterno refugo deste coração;
Longe da calma sombra dos altares refeitos
Que perpetuam núpcias de amores desfeitos,
Reacende minh’alma no teu instante de tesão.