Poema de minha face
Poema de minha face
Ruja-me! Ruja-me ó vento
Este canto que me desdita,
Este algoz pensar que dita,
Que hora fel ou mel...
A bonança ou a tormenta
Leva-me ao inferno e ao céu.
Ruja-me! Ruja-me ó céu
Nos trovões a infinita cólera,
Na noite que além mora,
Que inverno ou verão
Eu vejo sob o branco véu
A quem andei seguro a Mão.
Acalenta-me! Belas nuvens
No arrebol que vem na aurora,
Pois a fitá-las perco a hora
No pensar a imagem bela,
E à tardinha eu sei que vens
Sem delonga passear com ela.
Escreva-me! Esconso tempo
Nas paredes vivas da história,
Escreva nelas um verso de vitória
De um poeta sempre amante,
Que de ti espera como penso,
Ter um nome e um semblante.
E escreva bem ao meu lado
Os nomes de meus amores:
Meu pai e meus irmãos senhores
E minha cristã sempre bela!
Minha mãe e Irmã em legado,
À música e à minha quimera.
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