Ano novo
Antes de me dissecarem e expor todas as minhas entranhas e bílis
Antes de perder as papilas degustativas,
Privarei-me de todo gosto
Antes que a íris não mais dilate,
Privarei-me de toda excitação
Antes que o coração não sugue e não mais irrigue
Antes que câimbras me impeçam
Com mãos e pernas moles
Antes que o pensamento não encontre mais cordas vocais
Antes que a vontade encontre a não-ação
Antes que no dia em que eu morrer esteja de fato viva...
Não aqui, não desta vez!