CÂNTICO À TEMPESTADE

I

Oh! Sim. Sinto o céu inócuo, ressaltando o

Contraste do negro e azul.

Em vão, raios peregrinos do majestoso astro

Forçam negras nuvens.

Aves migram para outros mundos. Gentes

Chispeando, fogem.

As primeiras folhas, secas e mortas, caem

Por entre as relvas.

II

Oh! Fúria ingente. Que abala até imensos baobás.

Oh! Natureza enlevada por mistérios infindos.

III

A mais negra alma teme sua força, sua ira.

Começa a torrencialidade das águas,

Começa a feroz queda dos raios,

Começam a retumbar graves trovões.

A ira dos deuses é mostrada.

Revela-se o poder de destruição que encanta.

Mas tão linda é a fúria...

E o ato de eclosão dos raios, que na chuva

Se levantam. Ecoam.

IV

Oh! Quão belo é o poder da visão.

Quão sábio é aquele que o usa.

V

Em gotas d’água brilha a luz incandescente,

Que nos traz o raio.

E as gotas dançam ao sabor do vento. Voam.

E o vento varre a vã, vil, velada, vasta...terra.

Sobre sopros sobem sons, simples singelos...

Cingindos por mãos sacras. Pelas mãos de Deus!

VI

Oh! Sendo tantos os mistérios que me cercam

Escolho o mais negro, que aos olhos é luz.

Nas folhas que não cederam a tamanha fúria,

Gotejam sobras d’orvalho que quando caem

Espalham-se por entre restos, destroços. Vítimas

Da incontrolável, incomensurável, mas inigualável

Tempestade!

Gláucio Ramm e Silva
Enviado por Gláucio Ramm e Silva em 07/12/2010
Código do texto: T2659023
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