Biomecanóide: Epílogo

No fundo de uma piscina vazia,

onde os cadáveres são empilhados,

permanece a paz, recoberta por cinzas de rosas.

O que há de mais grotesco neste mundo,

o que há de mais doentio na noite,

se revela a uma luz trêmula,

advinda de uma vela prestes a se apagar.

Salve o bravo soldado de Florença,

que ousa tocar meu peito com sua baioneta

e traz à terra todo este sangue negro,

que envenena ao mundo e às mentes,

com juras tão terríveis,

com a feiúra de minha intenções.

Chega a velhice, sentada num trono de madeira velha,

com a mão apoiando uma cabeça que tenta cantar

o que de fato, significa todo este teatro do assassinato.

As vestes são gastas pelas intempéries,

e as cordas mal podem acompanhar

essa voz que some até restar

o rufar distante de um tímpano

já quase oculto pelas toneladas de escuridão e concreto.

Sobem os anjos,

retiram-se da terra aqueles que a ela não pertencem.

Os deuses esquecidos, as crianças que se tornaram castigos

e por fim;

O herói louro e estúpido que era o personagem principal

dessa grande falsificação da vida.