Sereia
Como negar que em teu corpo
Há um mistério marítimo,
Convite a mergulhar-te toda
no profundo do teu íntimo?
Como negar que em teu instinto
de moça praiana em chamas
o mais idílico dos seres
abre as janelas em savana?
Como não juntar ao insano
o quê de teu estigma
onde, a inflamar-se o homem,
faz de teu corpo brasa e cinza?
E como incendiar-se ainda
estando o desejo queimando,
escrever todas as poesias
com ta tinta de oceano?
Como descobrir o humano
no teu universo íntimo
onde, a mergulhar, a sereia
cante a canção do infinito
a fome e gume de Posídon?