HOMEM OU RATO?
Numa das minha caminhadas noturnas,
vejo-as coloridas de imaginação
como as saturninas saturnas
vou pisando macio neste chão.
E no meu caminho surge repentina
uma imensa e asquerosa ratazana;
sem querer lhe esmaguei sem gana
se estrebuchara em sangue a mofina.
Mas que lhe fizera o destino?
Vir cruzar-me por baixo dos meus pés,
distraido como sou de inopino
desconheci na hora o revés.
Mas me levou muito a reflexão:
Como a importância que de mim ufano,
que nos faz esta real distinção,
entre murídeos e o ser humano.
Mas vejo que humanos são ratos,
e os ratos podem nos servir de cura,
atitudes que medem os fatos,
ser-humano é quem tem compostura.
Sois homens ou ratos humanos?
Com teus dopes profanos,
as tuas falas de cunho enganosas
como vis senhores e avassaladores,
de teus interesses protetores,
em tuas ações dolosas.
Quereis ser pisados no caminho,
Voltar para teus alcoves fétidos,
ou passar pelo fogo do cadinho
na companhia de teus séquitos?
(YEHORAM)