Conciliem-se o paço e a choça
Vagando frio pela noite da existência,
Lábios ressecados do orvalho intenso.
Mesmo sem o desejar é no que penso,
Com olhos lassos fixados na dormência.
Diante da noite escura é um arremedo,
Dessa vida que se esvai copiosamente,
Não deixa sequer no verbo a semente
O que retém eternamente o seu medo.
Procurando entender esse difuso drama,
Na busca insana que só faz embrutecer,
Vendo sempre o sangue que se derrama,
Esvaindo-se sob os pés na sina profana.
Creio que a busca no final é por morrer,
Pois só há vida na paz de cada choupana.
Brasília,DF, 07 de dezembro de 2010.