O SER POETA
Se a minha poesia
Mostra-lhes uma verdade
Que, na verdade, eu nunca vivi
Eu lhes garanto, com sinceridade
Que eu, poeta, nunca lhes menti.
Eu, pessoa, não tenho
A mente em brasas
Vivo a tranqüilidade da razão
Mas o poeta que,
Há em mim, tem asas
Não precisa colocar os pés no chão.
O ser poeta vive a alquimia
Da transmutação
De um ser em outro ser
E esse ser que voa na poesia
Tem um viver
Além do meu viver.
O ser poeta busca na tristeza
De amores não vividos,
Inspiração
Rasga o peito
Pra morrer na alegria
Mas dar sentido
A sua emoção.
Assim, o abstrato ser poeta
Independente da minha mente sã
Em seus delírios me envolve
E me completa
No ontem, no hoje e no amanhã.
E esse mesmo abstrato ser poeta
Que me adormece quando quer viver
Faz da minha vida uma festa
Esculpindo-a com palavras de seu ser.