JARDINEIRO
Perdão, minha flor, se te magoei!
Não tive a intenção, somente amei.
Mas não contive a inxorrada
que arrastava a noite enluarada.
Sinto muito, se não fui perfeito,
mas, me sinto arbusto honesto,
cresço para o alto e direito
com meus tímidos ramos, sou modesto.
Não fui plantado em areia,
por isso, tenho minhas raizes,
que em minhas sombras permeiam
mesmo em minhas cicatrizes.
Perdão, minha flor, se tanto te amei!
Me dediquei a ti noite e dia,
tudo em ti, o teu cheiro, respeirei e aspirei,
pois saudades tua eu sentia.
Perdão, minha flor, se contigo sonhei!
Sonhei com o nosso futuro:
Para mim eras rainha e eu o teu rei,
sonhei, sim, eu te juro!
Perdão, minha flor, se te desejei!
Tu estavas deitada linda e nua,
quando suavemente te beijei
sob o fulgor da noite e da lua.
Perdão, minha flor, se não te reguei!
Se não te reguei sequiosa;
é que me perdi e me apaixonei,
de tão bela e viçosa!
Perdão, minha flor, se não te podei!
Por isso, crescestes e ocupaste demais
e em tuas verdes folhas eu pisei,
te magoando sem motivos reais.
(YEHORAM)