Minha Religião
não tenho religião, exceto aquela
presente nos rostos das garçonetes bonitas,
nos belos trechos do Bach, e de tantos outros
bravos que houveram,
no aperto de mão
do seu camarada da infância até hoje,
no Van Gogh e Botticelli,
nas tardes rosadas
e o anoitecer
com um azul profundo cobrindo tudo com
o seu manto
bordado de astros,
quando estranhos na rua
te ajudam
desinteressados,
nas pessoas que choram
sem chantagem ou vigarice,
nestas coisas está a minha religião.
não saberia defini-la ,
mas posso dizer que não constitui
um escudo para a tristeza,
nem uma esperança
que me faça crente em
qualquer despertar.