O QUE VAI RESERVAR

No mais sombrio

Do meu caminho

Que deixou como herança

A vontade de esquecer a lembrança

De todo o teu grafar

Sem ao menos amenizar

De todo o teu timbrar

Sem querer sanar

Do inefável desejo torturante

Da forte maldade flamejante

Que insistentemente continuando

Vai que vai se perpetuando

Por ter me debatido

E ter me rebatido

Com o mais descabido

E o incabido

De atos turbulentos

De fatos que não aguento

Fugindo da verdade

De toda a realidade

De tudo o que me arruínas

Deixando os resquícios

Para todos os indícios

Para me deixar propícia

A me levar a demência

Sem um pingo de clemência

Querendo a vida me amputar

Fazendo ela se encurtar

Para me tornar um ser inerte

Totalmente de mim sem vestes

Como se tivesse tomado um sonífero

O que me tornou tudo menos sofrido

Fiquei com o olhar sem direção e desbotado

Um olhar que olha e não vê desmaiado

Com a imagem do rosto que parece cálido

De uma face tão recolhida que fica pálida

Por quem me ama fui socorrida

Por quem me ama fui sobrevivida

E fizeram de tudo para isso se dissipar

E esse mal de uma vez por todas se descortinar

Me tirando dos olhos a neblina

Que tanto da minha visão me encobria

Saí daquele horrível entorpecimento

Que vivi por muito tempo aquele momento

Hoje sou uma voz que murmura

Todo o rancor de quem tem culpa

De quem me colocou no fundo do poço

Sem cordas pra me segurar, até o pescoço

Não lamento mais essa dor

Porque não sinto mais o amor

Quem me fez tanto mal deixei de amar

E não fiz nada para não acabar

Dessa pessoa eu tenho toda a ânsia

De estar cada vez mais na distância

E com a maior calma vou aguardar

O que a vida pra essa pessoa vai reservar...

Maysa Barbedo
Enviado por Maysa Barbedo em 16/10/2006
Reeditado em 16/10/2006
Código do texto: T265579
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