ESTÁTUA VIVA


A volta tantas flores, rosas, verbenas e jasmim
E eu somente uma estátua viva no jardim
Observo o mundo feito um querubim
sem asas de anjo, o que vai ser de mim?

Num cimento escuso de mim mesma
numa explosão rarefeita
de qualquer traço, sem viço, sem beleza
arquitetando sonhos em nuvens de sutileza

Mármore quebrado com o passar dos dias
entre os pássaros em cantos de alegria
pedra perdida num instante de ousadia
em que se esvai o tempo em taquicardia

Imóvel, no móvel instante em que pressinto
o sentimento guardado no peito, o tudo que eu sinto
a me vestir das esperas o próprio instinto
do que desejo, o motivo que vivo.


Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 06/12/2010
Código do texto: T2655551
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