ESTÁTUA VIVA
A volta tantas flores, rosas, verbenas e jasmim
E eu somente uma estátua viva no jardim
Observo o mundo feito um querubim
sem asas de anjo, o que vai ser de mim?
Num cimento escuso de mim mesma
numa explosão rarefeita
de qualquer traço, sem viço, sem beleza
arquitetando sonhos em nuvens de sutileza
Mármore quebrado com o passar dos dias
entre os pássaros em cantos de alegria
pedra perdida num instante de ousadia
em que se esvai o tempo em taquicardia
Imóvel, no móvel instante em que pressinto
o sentimento guardado no peito, o tudo que eu sinto
a me vestir das esperas o próprio instinto
do que desejo, o motivo que vivo.