À Deriva
Ando em círculos na insônia
perambulando no ermo;
sinais de fumaça
em cada verso...
O espelho dos olhos para a lua
a aviar mensagens
com reflexos de luz.
Enclausurado em mim
por mais que grite meu silêncio
as sílabas não soam
porque a dor só se expressa
no que imprime em sangue e lágrima.
A lástima do verso
é sangrar letras nos dedos
até a alma diluir-se
e vazar cristal nos olhos.
À deriva no poema
sigo o rumo das estrelas
que descrevem, noite adentro,
o trajeto que se queima...
Pode ser que os teus olhos
me decifrem nas pegadas
que transitam pelo tempo
na areia das palavras.