Como uma divina ilusão!
Parei no tempo
No meu pequeno espaço
Ante o espelho
Surtei.
De tudo lembro
E meu profundo cansaço
Com um sorriso velho
Estanquei.
O que construí
Nesse mundo imaginário
Senão minhas versões?
O que obstruí
No meu caminho
Ao deixar de abrir complexos
Pra fluir as minhas mágoas?
Logo eu,
Que conheço a trilha certa,
Logo eu,
Que tracei a minha reta
Por que me olho assustada?
Paradoxal questão,
Oh quanta insatisfação!
Talvez eu faça uma plástica
Ou eu siga os fios pratas
Da idade sem escondê-la.
Talvez, simplesmente talvez,
A ciência acalente essa ânsia.
Acalanto minha alma de vez
Explico-me que antes da infância
Fui poeira de estrelas!
Quero todas as ilusões que externo
E essa forma de defendê-las
É melhor de aceitar e soa eterno.
Como uma divina ilusão.