NO TEMPO DO TEMPO
Num tempo que se perdeu...chorei rios
em momentos que o destino esqueceu...doei sorrisos
no ontem que já aconteceu...me furtei destinos
Nos grãos perdidos dos instantes
refiz meus dias e sentidos arfantes
plantei rosas e colhi espinhos
Quis ser chegada e só fui caminhos
Minutos se perdem sem qualquer exatidão
quando se dilacera em tristeza o coração
Fui repouso para os outras paixões
fui abrigo para tantas desilusões
Fui do tempo a amante submissa
acolhendo o desespero e queixas aflitas
afagando tristezas alheias em mãos amigas
fui tão inteira em versos sem rimas
Hoje, no tempo que corre ligeiro
sou da vida um simples roteiro
das noites o pouco denso nevoeiro
das chuvas mal acentuadas: o pranto verdadeiro
Me fazem falta os anos que não voltam mais
em que me perdi de mim, sendo apenas mais um cais.