NO TEMPO DO TEMPO


Num tempo que se perdeu...chorei rios
em momentos que o destino esqueceu...doei sorrisos
no ontem que já aconteceu...me furtei destinos

Nos grãos perdidos dos instantes
refiz meus dias e sentidos arfantes
plantei rosas e colhi espinhos
Quis ser chegada e só fui caminhos

Minutos se perdem sem qualquer exatidão
quando se dilacera em tristeza o coração
Fui repouso para os outras paixões
fui abrigo para tantas desilusões

Fui do tempo a amante submissa
acolhendo o desespero e queixas aflitas
afagando tristezas alheias em mãos amigas
fui tão inteira em versos sem rimas

Hoje, no tempo que corre ligeiro
sou da vida um simples roteiro
das noites o pouco denso nevoeiro
das chuvas mal acentuadas: o pranto verdadeiro

Me fazem falta os anos que não voltam mais
em que me perdi de mim, sendo apenas mais um cais.




Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 04/12/2010
Código do texto: T2653193
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.