MÁCULA
Debulham as pétalas das flores
O vento rouba a lágrima
O silêncio absolve a falta de rima
A noite leva as cores
Busca a saliva que entalou o falar
Abre os olhos a um novo enxergar
Mostra as luzes que só aparecem com o luar
E que o sol ofusca pelo intenso brilhar
O pior aflora por dentro
A flor não regada morreu
O sorriso reprimido e embaçado sofreu
A alegria pela tristeza se entreteu
O ódio pelo próprio EU cresceu
A fortuna se tornou a utopia que levou ao azar
O saltitar da alma foi engolido pela morte e seu intenso afagar
A mácula foi imposta e conseguiu impregnar
Sentimentos mútuos se individualizaram
Pior, ficaram no outro e nele se projetaram
Morreu o amor próprio e à dor se empenharam
Lutaram por si no outro e se entregaram
Falaram, calaram e sofreram
Vingaram, caíram e salivaram
O cadáver foi enterrado na areia
O conta gotas de fel injetado na veia
Nem amor ou indiferença, mas no coração possuem o vácuo que os permeia